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quarta-feira, 9 de março de 2011

A náusea pessimista

Não acredito em um futuro bom. Não acredito que virá a liberdade, igualdade e fraternidade. Desde a revolução francesa são palavras sem alma e existência em escala global por mais que mudassem a história e a independência de outros países, o que vejo de mudança apenas aparente nas relações de poder e sua maquiagem de impressões de ordem política e econômica, se a hierarquia ainda existe, não tem liberdade, forçosamente a desigualdade virá, a frater... Fugiu! Dá-me náusea o liberalismo, cristianismo e socialismo e tudo que for ismo dito em prol da salvação do universo, transformaram o mundo, sim! Agora o antigo escravo pode se sentir melhor na prisão, no subemprego ou passando fome nas bolsas da exclusão em sua falsa liberdade. Vemos o fim da mata atlântica, logo será o da Amazônia. Vemos propagandas em defesa ao meio ambiente difundida pelas empresas na televisão enquanto poluem os rios.

Existe uma escravidão mascarada, prisão mascarada, destruição e exclusões debaixo do tapete. O Mundo está se auto consumindo, as desgraças que vemos constantemente nos jornais e nos livros são apenas sintomas do fim que nos aguarda em breve. Ainda neste século, a morte de ½ da população mundial chegará. Seja por falta de água, de comida, de acidentes naturais ou doenças conseqüentes a falta de qualidade dos recursos, ou a guerra, já que todo mundo tem bomba nuclear, não existirá 4ª guerra mundial tão cedo, Além da china que possui pouco mais que ¼ da população mundial, as grandes potencias e emergentes desejam possui o padrão norte americano, os recursos acabarão em breve. Ainda tem a mulher que sai da igreja e trata logo de maltratar a empregada dentro de casa, também o sindicalista que ordena sua esposa. Em frente aos outros, parece que tudo está simetricamente organizado. O homem joga a sujeira debaixo do tapete, essa sujeira sairá destruindo tudo o que construímos em breve, todo o conhecimento que a humanidade produziu será em vão e nosso lado bicho causará nossa morte antes da razão (outra palavra que não tenho bons olhos, admiro o louco que afirmou na platéia do simpósio de filosofia: “Se é que ela existe!”

E eu? Não posso fazer nada. Quem sou eu para mandar nas potencias econômicas? Quem sou eu para modificar todo sistema de comunicação e a ética contraditória se faço parte da contradição? Minha visão do homem é pessimista, não acredito que coisas boas virão, nem perderei o meu precioso tempo da minha breve existencia em vão... Tomarei uma água de coco bem gelada ao sol esperando o juízo final.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Hierarquia

Correntes, tapa olho, Paulada
Cadeira elétrica, facada, um tiro
Chuva ácida!

A orquestra não para!

Sorrir?

Sorrir! Não fique triste,
Vamos dançar outra vez!

"...é tudo contrário, é tudo uma ilusão"

Atropelo, câncer, pus e batida
Tsunami, terremoto, um cometa
Tornado!

A orquestra não para!

"Está tudo em ordem"

Vamos dançar novamente, querida
A valsa nos conduz

A mordida, o gozo reprimido, o chingamento
Uma violência! O chicote, a prisão
Um belo punhal, talvez um cassetete
Quem sabe outra guerra

Sorrir?

Sorrir!

"Não fique triste”

Dançar, dançar, um aperto de mão!
Não escolha, deixe-me exercer a vontade sobre você
Permita-me te sufocar! por gentileza (ouve-se "te dou um beijo')
A liberda...Não consigo terminar de exprimir essa palavra.
É algo de poucos, almejam a natureza e o homem
O todo como poucos desejam ser e ter controle
Dos únicos aos poucos aos outros poucos aos outros poucos...
Por fim, os demais!

Sorrir?
Sorrir! Não fique triste...

"Está tudo dentro dos conformes"




http://www.hacasoseacasos.blogspot.com/

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O mal-estar I

Inicialmente queria me desculpar por mais uma resenha clichê, porém, espero que essa minha leitura amadora sirva de algum modo. Durante a investigação do “mal-estar na cultura” encontrei alguns pontos importantes sobre a velha questão do homem e seus eternos problemas. Nesse aspecto, o Doutor Freud aponta que a resposta da infelicidade da civilização moderna está dentro da própria cultura através “sentimento de culpa”. Assim, a construção psíquica do homem se encontra dentro do jogo conflituoso de suas pulsões. Pulsão de destruição que seria a pulsão relacionada ao domínio da natureza através da força e destruição x eros, esse remete as pulsões sexuais relacionadas às ligações afetivas. A cultura para o pai da psicanálise seria o distanciamento do ser humano do seu lado primitivo ou selvagem atenuando progressivamente o sentimento de culpa consequente ao progresso.

Não novo, mas seria importante acrescentar que o homem busca maximizar o prazer e minimizar a dor como efeito busca de aproximação da felicidade, porém: “Toda permanência de uma situação anelada pelo princípio do prazer permanece apenas numa sensação tépida de bem-estar, somos feitos de tal modo que apenas podemos gozar intensamente somente o contraste e somente muito pouco o estado.” Pag. 63. A cultura distancia o homem do objeto real de suas pulsões naturais (animais) através dos tabus. Sendo assim, o superego, componente do aparelho psíquico ao qual possui como função transformar essas pulsões ou re significar de modo admissível pelo eu e pelo externo: “Descobriu-se que o ser humano se torna neurótico porque não é capaz de suportar o grau de frustração que a sociedade lhe impõe a serviço dos ideais culturais.” Pag.83. Desviando seus objetivos reais (naturais).

Seria pertinente colocar também o papel da “sublimação”, maneira com a qual canalizamos os impulsos através das atividades psíquicas superiores: Artísticas, científicas e ideológicas características da cultura e imposta por ela. O que a cultura da nossa civilização nos trouxe até o período do Sec. XIX e XX vistos por Freud foi o discurso da introdução do homem ao desenvolvimento das atividades de maior domínio sobre a natureza, a linguagem, as técnicas e a criação instituições políticas e religiosas que nortearam e instruíram o homem na diminuição de homicídios, crimes e os variados tabus criados em cada diferenciação simbólica de seu meio como proposta. Essa obra sofreu um parto no período entre as guerras mundiais (detalhe).

Conseguimos produzir melhor nossos alimentos (apesar de existir bilhões sem eles), para nos trazer conforto diante do domínio da natureza e a “ordem” entre os homens, porém, o desequilíbrio da pulsão de Morte X Eros nos põe na condição de insatisfeitos. Surge também o conceito do parricídio, relacionado à vontade de voltar ao pai (cultura) tudo aquilo que nos foi contra a liberdade pessoal. Ao mesmo tempo, temos o nosso sentimento de culpa atenuado devido à identificação e o afeto construídos.

A cultura nos trouxe a razão, a produção econômica, a lei, porém, existe um mal-estar provocado insistente. Uma insatisfação também conseqüente ao recalque de nossos impulsos. Nesse aspecto, de modo breve a sublimação é insuficiente: As artes, as ciências, a filosofia, o amor, são cursos desviados, porém, são caminhos diversificados dos quais buscamos satisfações dos impulsos improvisando sobre o meio, no entanto, nenhum é seguro.

“Em nenhum desses caminhos podemos alcançar tudo o que queremos. Nesse sentido moderado em que é reconhecida como possível, a felicidade é um problema da economia libidinal do indivíduo. Não há conselho que sirva para todos; cada um deve experimentar por si próprio a maneira pela qual pode se tornar feliz.” Pag. 76

A liberdade individual característica da natureza contrária à cultura seria algo abolido pela mesma, então, as pulsões destinadas ao domínio da própria liberdade são bloqueadas pelo “sentimento de culpa”, o remédio da opressão. Cujo o bloqueio pode provocar agressão. Concluindo, os conflitos indivíduo x sociedade são frutos do inconciliável choque dos impulsos primordiais Eros e morte, assim, admite um equilíbrio, acredita o psicanalista espera que futuramente à cultura ocidental chegue a tal ponto, por mais que atualmente seja duro e distante ao indivíduo a resolver os problemas pessoais e sociais.

Fugindo da psicanálise, da qual me meti de forma amadora e vacilante, muita gente aponta saídas e explicações das conseqüências da nossa sociedade político-econômica, posterior as guerras mundiais. Vemos a sacanagem da qual estamos submersos e sedados pelas impressões de uma cultura do consumo denominada muitas vezes de “Liberdade” e “democracia”, vemos o estado falir e o desemprego aumentar consequente a mundialização do capital. O “sentimento de culpa” atualmente possui outra lógica além do cristianismo do século IXX e metade do XX, ponto importante que hesitei tocar na análise da obra e que ainda está fortemente presente.

No nosso contexto atual, o mal-estar possui inúmeros elementos a acrescentar, mais frouxo e indireto porém efetivo. Agora, com mais fome, mais gente, relações de poder camufladas pela informação neoliberal em todo espaço global imperializado em nome de “paz’ e “da liberdade”. Lutamos contra a infelicidade pessoal a todo instante e não resolvemos. Como lidarmos com a infelicidade geral nas nossas condições atuais ampliadas, fragmentadas e complexas? Apesar de denunciarmos a todo instante e lucrarmos intelectualmente ao perceber o que nos incomoda através da investigação, diminuímos o mal-estar (infelicidade)? Ou ele aumenta?

Voltarei ao assunto.

Nota:

Freud, Sigmund, 1855- 1839.

O mal-estar na cultura/ Sigmund Freud; Tradução de Renato Zwick; revisão técnica e prefácio de Márcio Seligmann - Silva; Ensaio Bibliográfico de Paulo Endo e Edson Sousa. – Porto Alegre. RS: L&PM, 2010.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O crepúsculo da certeza

Não sei, penso que sei

Imagino o que não sei

Porque sei o que não sei

O que se poderia imaginar?

Não meto a bomba em Deus,

Nem sei quem ele é, nunca o vi

Porém no homem, ele é concreto

Apesar que estaria me explodindo também

Os metódicos pensam estar mais próximos da certeza

Fariam um laudo de neurose ou debilidade mental a mim

Diriam: Vamos ao barco da ciência!

Ela nos salvará da ilusão das incertezas

Poderia estar mais longe dela que outro

Faço parte da incerteza!

Antes disso, responda-me o que é realmente certo?!

TODOS possuem papéis somatórios

O pensador se afoga e emerge a todo instante

Todo mundo se afoga emerge e transmite o nado ao futuro

Morreremos! E a ilha da certeza?

Um diz que está distante! Será que ela existe?

Perguntarei a quem veja! Pode ser que alguém a encontre

Aquela especificamente que não sabemos o que é,

Para que serve, se define e cabe-se a todos nós

Entortarei aquele que afirmar ser o único capaz de achá-la.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Globalização: Uma ótica do poder global

Estive lendo a "Globalização: As consequências humanas" do Zygmunt Bauman (sociólogo) nestes últimos dias. Gostaria de tocar em alguns pontos pertinentes que encontrei nesta obra. Aproveitando um pouco das informações extraídas do meu texto anterior. Defendi a idéia de que as culturas não estariam sofrendo uma homogeneização. Mas uma conexão a diversos meios de informação interligados pelos aparelhos de comunicação em fluidez constantes. Puxo um pouco desse debate para as questões espaciais, políticas e econômicas dessa vez. Agora são os figurantes de domínio global e território-nação.

Bauman afirma que: Em vez de homogeneizar, a Tecnologia polariza a condição humana. Anulando o espaço/tempo, os indivíduos Globais (extraterritoriais) ultrapassam seus limites físicos através dos meios de transportes e de comunicação emancipando os limites impostos e criando uma nova lógica que impõe aos indivíduos locais a degradação e a dependência para gerar seu próprio território.

O Estado nesse sentido perde boa parte de sua soberania devido à nova lógica global das relações de poder, o econômico. O ser global dominante e o estado (político) fragmentado, um “secretário prostituído” a essa nova lógica refizeram a construção social do espaço e território. Antes disso, a segunda guerra mundial foi o ultimo marco de disputas territoriais em grande escala militar. O mundo guerra fria vem posteriormente para atrair as atenções de duas grandes forças para o domínio global do sistema capitalista x socialismo. O liberalismo vence a quebra de braço e impulsiona uma nova forma de gerir o espaço:

"No mundo pós-guerra espacial, a mobilidade tomou-se o fator de estratificação mais poderoso e mais cobiçado, a matéria de que são feitas e refeitas diariamente as novas hierarquias sociais, políticas, econômicas e culturais em escala cada vez mais mundial.” Pag.16

Bauman afirma também que o a idéia de distância é uma construção social, que os seres “globais” ou extraterritoriais possuem a liberdade de ultrapassar seus territórios aos diversos locais e implantando de sua força financeira e ideológica sobre os seres locais impossibilitados de acompanhar essa nova forma de exercer o domínio sobre o território. Os globais flutuam através das “barreiras” e limites em velocidades que são proporcionais a forma de controlar num capital cada vez mais livre e desvinculado ao local e das responsabilidades conseqüentes aos seus efeitos.

Quem seriam esses seres invasores do território alheios? Esses ditos globais são os seres por trás de toda trama do capital globalizado ou transterritorializado, 350 bilionários que teriam mais da metade da riqueza equivalente a ¼ da população mundial pobre somada, controlando o sistema financeiro e gerindo sugando os fluxos dos micro locais, e ainda mais, produzindo riquezas em cima de sistemas abstratos que movimentam o dinheiro. As conseqüências estariam mais distantes de seus causadores. Pois, seu domínio físico central distante protege-o, ao mesmo tempo em que sua imagem simbólica, força e ação sobre o globo penetram os diversos lugares afirma Bauman:

“A autoridade destes últimos é garantida por seu próprio distanciamento; os globais não são diretamente “deste mundo”, mas sua flutuação acima dos mundos locais é muito mais visível, de forma diária e intrusa, que a dos anjos que outrora pairavam sobre o mundo cristão...” Pag. 61

Então meus queridos. Existe uma “tal” de teoria chamada de “fim da geografia” que afirma que os limites geográficos são cada vez menos sustentados no mundo real. Diz o Paul Virílio.

Esses limites existem sim, os territórios são modificados, ou melhor, re-territorializados. Invadidos por esses ditos alienígenas globais que condicionam o estado misturando-se a construção significativa dos diversos locais. Mais a imagem do discurso que afirma muitas vezes que o povo é pobre porque quer. Que fome e a pobreza são tratadas da mesma forma. Esquecem, ou melhor, escondem que além da fome, existem milhões de famílias sem escolas, sem saúde e em condições precárias isoladas numa miséria complexa. Muitos tentam ir aos locais que matam a fome ex.: EUA, Europa, aqueles que podem sair e que na maioria são impedidos de entrar no território dos globais e voltam ao próprio local isolado, segregado e hierarquizado.

O Estado-nação fragmentado serve de segurador para as grandes empresas que ultrapassam seus territórios. Sendo que, os “globais” através dos meios tecnológicos de comunicação e transporte tornaram ainda mais veloz, a diferença entre ricos e pobres. Segregando e excluindo cada vez mais os indivíduos locais de adentrarem na euforia dessa coisa chamada de globalização.

Bauman, Zygmunt, 1925 – Globalização: As conseqüências humanas/ Zygmunt. Bauman; tradução, Marcus Penchel. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1999

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A teia da globalização



Partindo do renascimento como um marco genitor do capitalismo e sua mundialização, a racionalização do mundo passou a um novo modo de organização da cultura ocidental. Figuras como Newton e Descartes formularam leis que contribuíram à matemática, engenharia e mecânica. Modificando o modo de produção industrial e por sua vez na organização social, anteriormente servil. Passamos pelo o iluminismo, Revolução industrial, diversos momentos históricos que configuraram um novo mundo industrializado, capitalizado nas relações.

Após o modelo fordista e toda a configuração da indústria mecânica que reinou até a década 70. Passamos à terceira revolução industrial, após a crise do petróleo, marcada pelo início era da microinformática. Novos aparatos técnico-científicos especializados são presentes desde então, modificando as relações e a produção. A robótica reduziu uma quantidade surpreendente de trabalhadores a um número restrito e especializado, modificando também, os meios de comunicação, reconstruíram a idéia de espaço na cabeça das pessoas. “Todo” lugar é acessível e consumível.

A globalização (nome surgido na década de 80) não significa exclusivamente aquela idéia de morte da cultura a dar lugar ao modo estadunidense de ser: Consumista, ouvir rock n roll, usar jeans, comer um Mac e ver um filme de Hollywood como aponta o Viscentini. A globalização junto à microeletrônica e a internet mudaram a lógica de mercado e informação. De que forma? Vejo da seguinte forma. Pegamos o indivíduo, por exemplo, damos a ele a possibilidade de percorrer todo o mundo em poucos Clicks. Ter sua língua traduzida por um sistema e um poder de compra em que sua moeda local é automaticamente convertida à moeda de outro país.

A terceira revolução industrial, mundo pós moderno, globalização, ou seja lá como chamamos a configuração desse marco histórico do qual estamos inseridos. Estamos em um adensamento espacial, somos bombardeados por informações constantes. Vindas de diversos lugares e conectadas à infinitas informações de paginas e arquivos, não é a toa que falamos de web ou rede associada à microeletrônica. Ela modificou a forma das relações sociais de comunicação, seja no Massenger, Skype, Facebook, Twiiter, etc. Temos uma organização do trabalho pautada na informática em sua maior parte. Seja no caixa do supermercado à softwares financeiros, Biotecnologia, indústria Química, Geoprocessamento e por ai vai.

Antes que algum “ crítico” venha me apedrejar. Refiro-me nesses casos anteriores, aos indivíduos que estão inseridos. Àqueles que não estão inseridos, o Milton Santos 2000 no seu “Por uma outra Globalização” se refere a outra face gerada pelas consequências da microinformática e tecnologia conseqüentes do capitalismo: Desemprego, fome, exclusão, já que essa lógica “ocidentalizada” exige uma especialização por sua vez, não adquiridas por todos, reforçou-se a precarização do trabalho a uma nova eficiência fragmentada e selecionada de trabalhadores (Paul Singer). Esse é um braço para outro discurso.

Então, meu objetivo nesse breve texto, foi trazer um pouco da implicação desse instrumento e veículo da informação àqueles que estão inseridos nela. Transformando a noção de espaço do qual, não temos uma homogeneização da cultura, mas um veículo de disseminação de culturas através de aparelhos que possuem multi funcionalidades, seja ao trabalho, consumo ou lazer. Já que, não pode-se dizer microcomputador ou laptop isoladamente, mas diversos aparelhos que se transformam constantemente e visam novas funcionalidades condensadas, a serem adquiridas e destinadas enfim, ao conforto.


Notas:

Parte das informações foram extraídas da entrevista com Willian Vicentini (Professor de geografia da USP e autor de inúmeros livros didáticos) na REVISTA FILOSOFIA. NUMERO 19. Editora: Escala educacional.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização - do pensamento único à consciência universal. São Paulo: Editora Record, 2000.

Fonte da Imagem: www.forumpcs.com.br

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O Hotel

-Olhem o morto! Ali no primeiro andar!

-De onde surgiu essa pobre alma? Porque suicidou-se?

As pessoas começaram a se aglomerar na porta do hotel assim que a notícia havia se espalhado. Na capital do sertão sergipano havia passado um alemão, que estava à 2 meses antes de arrancar a própria vida.

Sempre viajante, se instalava em diversos lugares. Trabalhava como representante de uma marca de fármacos. O nome desse personagem era Matthias Goertz. Solteiro, 36 anos, não tinha filhos, Haltern am See, pequena cidade da Alemanha era o seu lugar de origem. Ele estava passando um período pelo interior de Sergipe, levara além do trabalho, sua solidão, as angustias e os questionamentos. Depois de um dia inteiro de transito entre os hospitais, farmácias e clinicas. Matt havia marcado com a ortopedista de uma pequena clinica para jantar, o nome dela era Cláudia. A “simpatia” era presente no primeiro momento de encontro entre os dois:

-Caro amigo, não vou adotar a porcaria da marca do seu remédio. Não confio nesse laboratório. Possuem vários efeitos colaterais, o preço é alto e será um prejuízo grande para os meus pacientes. Você não para de insistir em me fazer adotar esse produto. Não quero, mas aceito aquela proposta do jantar da semana passada.

- Claro, discutiremos melhor essa questão do remédio, apesar de vários gênios da Universidade de Berlim não te convencerem, falaremos outras coisas. Agora vou às cidades vizinhas, a noite estarei aqui para o jantar.

-Passar bem.

Não parecia, mas Matthias estava cheio, muitas coisas já não acreditava como relacionamentos, tinha poucos amigos, havia namorado com poucas garotas. Aquele era o único trabalho que sustentaria o seu resto de carne sobre a terra e vendo a paisagem no ônibus em direção a outra cidade, ele pensa:

- Já não suporto mais, vou para Munique trabalhar no escritório da STW no próximo ano. Sair com aquela arrogante pode não ser uma boa idéia. Terminando o expediente vou comprar uma cachaça brasileira para “encher a cara” como dizem eles. Há muito tempo venho ficando paranóico e impaciente com tudo isso. As poucas pessoas que me restam estão distantes. Não sei como esse pessoal da America latina se prende muito à Deus, ele morreu a muito tempo, ficam segurando suas ilusões numa vida fajuta de existência. Não existe mais céu ou inferno, quero dizer, nunca existiu. Se preparem para a vida ou se preparem para o nada! Vou comer aquela Cláudia, chegarei bêbado e cuspirei na cara daquela vadia.

12 horas após o encontro, Cláudia espera Matthias no restaurante, a médica solitária está aguardando o possível homem do qual imaginaria algo:

-7 e meia, aquele homem não chegou, está por ai vendendo aquela porcaria, mas é uma gracinha, imagino que ele tenha algo interessante para conversar, pelo menos vou exercitar meu pobre alemão. Ops!

-Desculpe a demora, Cláudia, você está bela hoje, mas seus olhos de cansaço não me enganam. Você quer ir logo para casa. Não?

-Senhor Goertz, errado. O que te faz ser assim? Um péssimo ator. Estou querendo conversar, queria Sab...


-Cláudia! Estou de saída, marquei com outra mulher, enjoei da sua cara!

....

- Seu Idiota de merda!

Assim, Matt sai do restaurante, bêbado e inconstante. Vendo sua cama rodar, percebe que tudo já carece de um propósito. Começa a perguntar-se do sentido ide suas ações.

-Pra que me entregar à volúpia conflituosa daquela mulher? Depois estarei tão solitário e vazio quanto ela. Amanhã será como aqueles velhos dias.

Logo cedo, levanta-se numa manhã nublada, ainda soprando uma brisa gelada, parecida com a de Haltern Am See. Decidiu não trabalhar. E durante a tarde, a camareira do hotel encontra seu corpo enforcado através da janela. O alemão que trazia sua dor, não viu mais nada que o sustentasse naquele quarto. Apostou a saída para algo desconhecido, o nada, o retorno ou quem sabe, o céu e o inferno.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Espaço e tempo

Ando pelas ruas e praças
tudo é muito novo, reconfigurado
Os olhares estranhos me observam
retribuo, pois, não os conheço
Poderia achar muitos amigos de bobeira
Agora, eles estão em outros lugares
fragmentados e distantes
O espaço do aqui que víamos com afeição,
Agora nos tornaram alienígenas.
Minha geração passou,
Outras crianças e jovens reconstroem uma nova época
Minha casa agora é uma Clínica
As Avenida com as arvores velhas da minha infancia não existem mais
A pedra moderna reconfigura novas imagens
Matando os velhos, talvez ainda novos
O novo não espera, assim espanca e arrebenta
O que antes memorava uma paisagem, um pensamento, uma felicidade.
O tempo muda o espaço,
Recria significados , fere muitas almas
O que nos prendiam, roubaram
Transito nesse véiculo de mudanças
Busco me readapatar, Lembro o que tinha,
Quero o novo, não posso ter
Não sou nenhum, ao mesmo tempo sou todos em transformação.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A Feira

-Olha a macaxeira, batata e inhame!

-Aqui! Aqui! DVDs baratinhos!
Danielzinho e Forrozão quarto de Milha,
Lady Gaga, Asas Morenas e Metallica!
2 reais cada!

-Remédio milagroso, 3 reais
Cura tudo! passe 4 vezes por dia
e adeus dor na junta, osteoporose, dor nas costas,
bico de papagaio, tuberculose e tudo mais!

-Ei moço! Ei moço! Me dá um real!

-Arreios de couro aqui, tudo que você precisar em couro!

- Candieiro, pote e e fogão em Barro!

Liquidação! Camisa da Nike, 80 real. Tênis Adidas, 150 real!

-Moça, quer um frete?
Sim menino, até o outro lado da cidade te dou 3 reais
-Tá certo

-Promoção! Promoção!
Tudo em aparelhagem eletronica!
Aparelho de DVD, Video Game, Celular e Iphone

-Olhe a maçã, laranja, pêra e Jaboticaba!

-Rifa-se uma moto, 1 real o bilhete!

-Dá uma esmolinha pelo amor de Deus!

Enquanto esse cruzamento de realidades soam no território da feira, nas barracas de rocha divulgam:

- Notebook da Apple, Dell e Positivo.
Tudo em 10 vezes sem Juros aqui no Gbarbosa,
nossos funcionarios irão te atender, é só chegar!

-Promoção! leite em pó de 500 Mg e manteiga 150 Mg da Natville, por apenas 7 reais.

-Cama, sofá e Guarda-roupa, monte sua casa por um preço pequinininho! Aqui na movelaria Glória.

Um encontro:

-Olá comadre, tudo bem? como anda a família?
-Tudo certo. E no seu sítio, como tá? choveu por lá esses dias?
-Não, mas com fé em Deus e São Pedro, vai dar um bom feijão nesse ano!
-Vamo andando Mazé, que o caminhão vai sair daqui a pouco,
antes de voltar pra roça vou passar no ali na "Norma" pra comprar o tamanco na promoção de 200 real!
Semana passada comprei um Nokia N97 de 8 GB pra minha fia, guarda foto que é uma beleza, só compro coisa boa!
...

-Olhe a maçã, laranja, pera e jaboticaba!

-Carne de boi, frango e peixe!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pulsão de morte

O que é um pensamento?

Não trago dados do IBGE,

Não uso o materialismo histórico

Não sou evolucionista,

Talvez um outro “...ista”

Poderia falar da China e a destruição do meio ambiente

Das Coréias no Ringue,

Os EUA dizem querer paz. Paz?

Olhe o brasileiro!

A pimenta Gota nos olhos da gente

O desemprego aqui, o caos no Rio Janeiro

Os traficantes enfrentam a polícia

Na África está a fome e a peste,

No México alguma milícia

Hu Jintal, Obama e o Papa são “os maiorais”

A barbárie bate na porta do mundo

O “Chapolim colorado” não nos defende mais

Pois, “os olhos e ouvidos” fazem parte da boca

O cérebro é o intestino grosso

E os lindos lábios, um ânus

O pensamento é uma digestão do mundo,

Juntos com esse mesmo mundo,

Saímos por esses mesmos lábios com batom e mel

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Contrário

Em uma terça nublada de outubro, Davi volta da escola para sua casa. Cansado, ele almoça com sua mãe. Ela estava preocupada com o marido alcoólatra que estava muito doente e prestes a perder o emprego, pois, o chefe da repartição pública havia ameaçado de despedi-lo caso ele não largasse o vício. Há poucos dias havia terminado o contrato do Davi com uma empresa de comunicações e ele estava à procura de um trabalho que desse para segurar a barra. A mãe do Adolescente preocupada com sua feição pergunta:

-Você está com algum problema meu filho?

-Sim mãe, eu não estou muito bem no colégio, quero me concentrar nos estudos como deveria e conseguir um emprego que dê para segurar os problemas financeiros de casa. Esses problemas e mais um pouco andam tirando a minha atenção das coisas que estão ao meu alcance.

-Está certo meu filho, espero muito que você consiga.

Depois de tomar seu banho, o rapaz passa alguns minutos em frente ao computador. Abre o email e pergunta ao seu amigo Rafael o que ele estava fazendo naquele instante, o mesmo não responde. Então, Davi decide abrir sua gramática e durante a segunda pagina de análise sintática um sono cai instantaneamente sobre ele. Resolve dormir alguns minutos, são 3 da tarde. O sono e o medo simultâneos não deixam ele conseguir dormir nem levantar-se para continuar seus afazeres, o café não resolveu o problema. Exatamente às 16hs ele dorme profundamente e poucos minutos depois, acorda em um lugar estranho:

-Que lugar é esse? Porque eu vim parar aqui?

Seu amigo Rafael aparece e lhe responde a pergunta

-Te achei próximo à escola, você estava andando de pijama com sua guitarra nas costas. Te trouxe até aqui para descansar um tempo, não sei como conseguiu andar dormindo da sua casa para cá, mas está tudo bem, você pode pegar uma roupa minha emprestada caso queira.

Davi confuso e sonolento levanta-se e observa que a casa estava cheia de visitas. Avista na sala, um amigo do antigo colégio onde estudava, o amigo se chama Alex, que tinha lhe ensinado os primeiros acordes, estava também Lucia, ex-namorada do Rafael e alguns colegas de sua sala. Eles passavam alguns dias por lá. Após Davi falar com todo o pessoal, distraiu-se um tempinho tocando algumas musicas com o Alex, já que não o tinha visto há tanto tempo.

Três pessoas saíram da casa por alguns instantes, Alex, o Rafael e a Lucia saíram minutos antes. Davi não havia percebido a saída, pois estava concentrado no novo equipamento que o amigo tinha mostrado. Então olha para o seu relógio e são exatamente 17h, o apetite já soara em seu estômago.

Dani, colega de sala do Rafael havia preparado um banquete, Davi não sabia nem por onde começar. Após o término da refeição ele encontra o Rafael em frente a casa com Lucia.

- Jantou Davi?

- Sim Lucia, aproveite enquanto está quente na mesa. Dani é fantástica, prepara pratos deliciosos mesmo.

- Está certo, vou lá conferir então.

Lucia sorri e entra. Rafael convida Davi para ir a venda que ficava algumas quadras dali, para comprar alguns alimentos e materiais de limpeza. Já que ele estava com visitas, teria que repor os utensílios necessários. Davi olha para o relógio e percebe que já são quase 18 horas. Enquanto isso, Rafael fala durante o caminho.

-Velho, fiz uma loucura quando saí com a Lucia. Transei com ela na escada do prédio em construção da escola. Jurei que não ficaria mais com ela, mas acabou acontecendo. Está tudo bem, não vai ocorrer nenhum problema por causa disso.

-Pois é meu caro amigo, nem tudo acontece da forma que planejamos.

Enquanto isso, eles andam por uma rua meio calçada com muita terra, existe um fábrica de móveis. Em poucos instantes, essa fábrica lança uma água sobre a rua deixando-a encharcada de lama, obrigando os dois garotos a andarem pela calçada. Através do portão aberto, eles enxergam vários funcionários lavando o galpão. Davi sente um incômodo após a água ter molhado seus pés. Olhando para o relógio, vê que são exatamente 18h e 30. É noite, de repente viu tudo escurecer. Assim, o garoto encontra-se na cama, enxergando uma luz fraca vinda da sala através da porta do seu quarto escuro. Levanta-se ainda um pouco embriagado do sono e pensa o que teria acontecido possivelmente nas ultimas horas.

-Merda! Foi um sonho? Como posso ter certeza que é o meu quarto realmente? Dormir pelo dia e acordar à noite não é nada comum.

Indo ao computador, Davi lê o Email respondido pelo Rafael, enviado às 18h e 30:

-Amigo, dormi durante à tarde. Acabei de me levantar e li a sua mensagem agora.


domingo, 24 de outubro de 2010

Forças

Morri? Que cansaço é esse?

Membros e pensamentos não respondem

Desejo, olho... Isto é água?

Estou totalmente consumido

Busco comer a vida, mas ela parece me repulsar

Tapando com sua mão a minha boca faminta

Perco as forças e a resposta do corpo

Quero seguir! Recuso-me a parar!

Não quero te dizer adeus!

Quero te ver todos os dias

Cheirar as flores que brotam no jardim e no esgoto

Quero me deliciar dos momentos de prazer e desprazer

Porém, parece óbvio a imprevisibilidade previsível

Que não tem mais graça rir e sofrer, depressão? Não

Alguma doença psicogênica? Talvez

Mas assim que te ver... Abraçarei e darei mais um bom dia

Andarei com essas pernas arrancadas

Mesmo que rasteje sem estimulo

Recuso-me a parar!

Quando olhar para trás, perceberá o quanto cresci

Não quero morrer nas desilusões

Apenas passar as estações e não mudar o que já fiz.

Quero mesmo viver o eterno círculo do existir.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Eu e o Verbo

Vou, volto, busco, acho

Perco, retorno, sigo, nado

Reencontro, fumo, cego, acabo

Caminho, chego, finalizo, começo

Penso, quero, corro, jogo

Roubaram, rasgo, desencanto, odeio

Tenho, abstenho, nego, afirmo

Repito, conserto, amo, termino

Circulo, circulo, quero, querer

Falo, mudo, vejo, viver

[Miguel]

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A idéia do “Objeto Perdido”. E a imperfeição humana no mundo da arte.



Este tema é bastante amplo, antigo e discutido em vários ângulos. Então trago como objetivo neste pequeno texto fazer uma síntese dessa visão artística abordada pelo Rogério Skylab (músico e poeta), Oscar Wilde (escritor) e o Nietzsche (filósofo), mesmo sendo de épocas e visões distintas, podemos identificar algo em comum nos fragmentos do discurso desses caras. Esse termo “objeto perdido” extrai da entrevista com o Rogério no programa do Jô Soares, por sua vez, é um elemento que está dentro da arte e acreditamos que seja uma força essencial na sua produção de diversas formas. Qual o sentido da arte para esses autores? Que baseando nesse elemento em comum se conectam.

De acordo com o Nietzsche, seria a forma subjetiva de escape da imperfeição do mundo real transmitida pelo indivíduo em sua arte. Em seu livro “Humano demasiado humano” critica os socialistas e os idealizadores do “mundo perfeito” (Niilistas passivos), se a criação de um mundo perfeito fosse possível do modo de projeção desses pensadores, seria a morte da arte em sua essência. A arte funciona como suporte de complemento dos nossos sentimentos, não bastando os mesmos, más com um propósito de se chegar ao inalcançável pelo indivíduo no real, transmitindo essa busca pela sua criação artística ultrapassando a fronteira da imperfeição para algo além.

No Oscar Wilde em seu livro o “Retrato de Dorian Gray” possui trechos interessantíssimos, um dos quais, a excelente atriz do romance, ao perceber que amava o Dorian (Protagonista) e que o possuía como um elemento de busca, desejo e se casaria com ele, passou adiante representar de maneira péssima suas peças dais quais se destacava em romances, pois o motivo central seria a posse do “Objeto” no real que a desestimulava na sua representação no teatro, com o romance concreto não havia mais sentido em construir algo fantástico em sua profissão.

O próprio título do livro nos diz algo a respeito, através do Pintor desse retrato “Basil Hallward” tinha uma grande paixão platônica pelo Dorian que o estimulou a construir um quadro que na visão do personagem era perfeito e magnífico, conseqüentemente a construção de outros quadros excelentes. Concluindo essa tese, o personagem filósofo “Lord Henry Wotton” cita que o poeta que vive o mundo real poeticamente, ou seja, no consumo do que poderia projetar na sua poesia, acaba sendo um péssimo poeta, o inverso nesse caso é aquele que vive em impossíveis desejos não concretos, os projetando em uma rica poesia por sua vez.

O Rogério Skylab é uma figura complexa, inteligente e louca (no melhor sentido da palavra) dentro dessa perspectiva abordada na sua música e poesia, explora essa noção numa estética lingüística “não convencional” da qual podemos navegar mais livremente em sua composição. Se pegarmos como exemplo a música “dedo, língua, cú e boceta” da qual ele usa um jogo de palavras sexualmente falando, o instrumento fálico que se ausenta nessa situação pode provocar uma idéia lésbica na letra, então a relação de ausência do pênis nesse contexto resignifica a situação do sentido. No caso do Skylab, o objeto perdido possui uma relação de jogos de sentidos que dividem fronteiras na interpretação, podendo ser explorado em vários extremos diferentes, tornando-se uma incógnita, às vezes para o próprio artista e quem o interpreta. Assim, explorando um campo onde a linguagem da música passeia sobre as diversas possibilidades de sentidos, até mesmo na ausência do próprio sentido.

Na musica “corpo e membro sem cabeça” ele fala de partes corporais que foram perdidas pelos indivíduos que nas situações da letra, seja por simples perda, por repulsa, assim desejando algo impossível que necessariamente se relacione com as partes perdidas, fazendo mesmo sem o membro, a tentativa de concretização da ação desejada improvisando com sua ausência, como: “[...] As fotos do fotografo cego, o canto da cantora muda, o peru do travesti operado, a dança da paralítica, o discurso do homem gago...”

Dentre outras músicas que chamam atenção para a diversidade de relações com esses objetos, que podem ser não só o corpo, mas qualquer matéria ou símbolos de um contexto relacionado ao artista, Skylab passa na sua música, situações em que o “objeto perdido” é buscado através de uma perturbação pela ausência, puxando a descarga poética conseqüentemente, sendo infinitas possibilidades de construção subjetiva do artista em relação ao objeto, contanto que o transmita no concreto artístico.

Indivíduo <--> Arte <--> Objeto

O elemento perdido não é a totalidade nem o fim, mas o princípio ao tentar construir parte das poesias, músicas e etc. A relação do individuo e sua subjetividade transmitida através da arte com esse propósito do qual sua inquietude com o “objeto” seja transfigurada para o mundo da criação do impossível, completando o objetivo da sua relação com um universo não explorado. A arte para o observador é muito abrangente de significados, mas partindo do objeto e sua relação com o artista (ou personagem da obra), percebi com mais proximidade essa relação desde que seja possível identificar a existência desse objeto.

Alguém pelo menos um instante, ao criar ou usufruir uma arte, tem a sensação de ultrapassar o concreto, atinge não só o que conhece, mas também um universo do qual não era explorado, o que interessa é chegar àquilo que sempre quis, sabendo o que é, ou não, desde que se sinta perfeito, mesmo imperfeito, completo, mesmo incompleto para o fim de preencher o vazio do “Objeto perdido!”

[MIGUEL ANGELO]

domingo, 8 de agosto de 2010

O Crepúsculo na sexta-feira do proletariado e o inocente

Certa vez estive a procura dos documentos para o meu primeiro emprego, na minha volta para casa durante o fim da tarde naquela típica sensação de término das obrigações semanais. Deparei-me pela primeira vez com as pessoas que estavam a minha frente no ônibus. Elas tinham expressões bastante surradas, com a cara de derrota em pleno fim do ultimo dia do trabalho daquelas pessoas, funcionários do serviço de limpeza municipal, empregadas domésticas, de supermercado, trabalhadores das próprias empresas de transporte público, pessoas que fazem bico e demais trabalhadores.

As mesmas me passaram expressões bastante assustadoras, olhei para elas como se estivesse olhando num espelho do qual me destina em parte, no exato momento em que estava inocentemente eufórico atrás da minha papelada para o primeiro emprego. Me deparo com aquelas faces queimadas do sol, suadas, surradas de uma longuíssima jornada semanal. Muitos com seus filhos nas costas para alimentar com seu curto salário, outros com os filhos, a necessidade, mas sem o salário, as mulheres dormiam extremamente cansadas, um homem cabisbaixo com a farda do setor de limpeza buscava a mínima sensação de prazer no seu celular com rádio tocando asas morenas, o homem do seu lado estava com sua pequena grade de cervejas para matar pelo menos um instante aquela sensação de não-consumo da sua vida.

Todo aquele meu sonho foi reconfigurado do qual estive agarrado na certeza da independência financeira e do qual estaria entrando para uma etapa da qual estaria mais liberto e que seria uma grande conquista. Mas outras realidades caíram cruas em minha frente, consegui enxergar parte daquilo que se torna de fato. Libertamo-nos de uma prisão para entrar em outras dependências a todo instante, os problemas que acabam são apenas a gênese dos problemas posteriores. Estas impressões transformaram bruscamente o valor daqueles papéis dos quais eu segurava com tanta certeza, tornou-se algo mais duro de engolir.

É um ciclo do qual estamos a fadados a entrar queiramos ou não, mesmo cansados, ou mais explorados, alguns possuem seus filhos para educar, sua casa para administrar. Outros solitários como eu também estudam com a perspectiva de melhorar e renovar os problemas, ou seja, o nosso tempo está sempre consumido por obrigações para nos manter com valores que internalizamos e às vezes não percebemos que outras pessoas também lutam para um dia conseguir a suposta "tranquilidade."


[Miguel]

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O Troféu de bosta!

É impactante como nos deparamos com certas situações difíceis e como nosso inconsciente nos envia uma reação de bengalas a certos desafios que procuramos apoio externo e nos deparamos com nós mesmos. Acabamos às vezes, esquecendo do principal personagem e que garante realmente o sustento do desafio, que ganha, perde, ou os dois ao mesmo tempo naquilo que interessa. Assim estabeleço uma relação da covardia x coragem e uma perspectiva para a vitória e a dor no caso desse personagem do texto.

Em uma situação que o indivíduo “Voltairiano” prepara-se com equipamentos supérfluos e um batalhão, mas na hora exata, cadê o batalhão? Cadê o funcionamento das armas? E começa uma luta com ele mesmo para achar a resposta. O que sobra é o corpo nu ao inimigo, com quem menos contava foi o que restou sem preparo, o corpo foi mutilado e arrasado com a derrota, então ele se entrega ao desespero e joga a culpa da sua derrota nas suas armas e companheiros, cada dia o atormenta com a derrota após derrota, tentando inovar nos equipamentos, implora aos companheiros e táticas novas para vencer a sua luta, a derrota o aflige a cada instante, o desespero está tomando conta da alma e do corpo agora sem saída.

No ultimo pulsar dos neurônios e do coração, lembra-se quem era o culpado verdadeiro da derrota, o próprio indivíduo, arranca sua roupa, amassa suas armas, e se joga na noite mais fria e mais solitária de sua alma. O perigo e a dificuldade são extremamente maiores, cada fatia do seu corpo que corta, cada queimadura, cada pedaçinho arrancado, torturam até o ultimo elétron da “energia vital”, cada gota de sangue derramado parece que arrancaram séculos de sua vida. Então, ele olha para o seu corpo esfarrapado no chão, quase em putrefação e em frente seu inimigo morto, caído, após 2 meses de batalha e desespero. Levanta sua carcaça que aos poucos se regenera, cada gota de sangue re-bombeado, pele cicatrizada.

O que era podridão se levanta vitorioso mesmo com os pedaços arrancados, por mais que o significado da luta seja inútil ou grandioso, ele olha para o seu ego e responde: “Finalmente, precisei do principal para o que é meu, a anestesia causou a minha derrota. O sofrimento e a dor persistentes agora não existem mais, meu orgulho egoísta e vitorioso agora se questiona e conclui. Mesmo esse troféu sendo de matéria fecal, é meu, a doença é minha, a luta é minha, a derrota é minha, o troco do soco é meu, e o troféu de bosta... Está no meu armário exposto ao mofo."
[Miguel]

sexta-feira, 30 de julho de 2010

000 - Circular vida e não-vida

Anos e anos não consumados
De uma vida no ônibus
Com percurso de destino algum
Pergunta-se aonde quer chegar

Mas não tem resposta alguma
O indivíduo olha pela janela

E ver o mundo, as casas, outros ônibus, luxo, o lixo,
Um puteiro, o bar, o dinheiro, a igreja
A escola, a família, a mulher amada,
Olha para si mesmo, o externo e viu tudo passar

O espectador do ônibus
Que entra na estrada perdida volta para o mesmo ponto
Segue em frente no buscado destino
Mas nada que tenha sentido para descer

Que não imagina onde seja
O ônibus é circular
De repente o ônibus para e ele questiona
É aqui que eu devo permanecer?

Miguel

Saco Cheio

Estou de saco cheio do academicismo
De saco cheio da pós-modernidade
De saco cheio da musica
De saco cheio do capital

De saco cheio de estar de saco cheio
De saco cheio da beleza
De saco cheio da dopagem cotidiana
De saco cheio do imoral e da moral

De saco cheio da filosofia
De saco cheio do celular e da comunicação
De saco cheio de mim e do mundo
De saco cheio da escatologia e do Platão

De saco cheio da maldade e da bondade ainda mais
De saco cheio da compaixão
De saco cheio do cimento e do excremento
De saco cheio da ciência, artes e religião
De saco cheio!

Miguel

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Retrato da loucura

Corto os fragmentos destinados da irracionalidade
Contam para o meu ser o que deveria ou não
Os rios refletem ilusões que me fogem da realidade
Bombardeando de mim mesmo um jargão

Quero a lógica desses fluxos reais que me jogam
A suposta razão que se explode na exosfera
Assim correntes dos choques imaginários me sufocam
Ao mesmo tempo meu espírito não sabe mais o que gera

Vejo um sol, o maquinário, circuitos e janelas ligadas
Parecem ligadas numa só tomada do entendimento
Essa osmose me supersatura com milhões de telas conectadas
Com a energia e a matéria que transmutam o comportamento

Oh! Camas espaciais! Sobrevoam diversas esferas celestiais
Com o caixote humanóide que se transfigura
Empurrando-me o vento com imagens descomunais
Desde o primeiro devaneio até a última loucura

Miguel

A luz do dormir acordando e acordar dormindo

Sente uma estranha gravidade ampliada
Como um universo vazio do concreto
E sua matéria com a quimera acordada
Que a alma sobe e o corpo vai ao fundo direto

Um cometa que o arrasta em sua calda amarrada
E o clarão da manhã que nos olhos bate
Dopando também de uma luz drogada
Quer acordar, mesmo preso ao combate

Assim como a sombra se amplia no fim da declividade do ângulo do sol
E sua luz choca e espanta o sentir do corpo
Ver sonhar de uma morte profunda não sendo causa o etanol
A estranheza que se aparenta com um semimorto

Imagina um zumbi que não é mais humano, um vegetal
Que o corpo levanta e o leito vai junto
O cinza mistura o ciclo homogeneíza anormal
Perdeu a idéia do escuro e do claro, seria o se sentir defunto?

É o primeiro, o segundo, o terceiro, até o quarto ao quadrado
Quer deitar-se e levantar do túmulo, viver ou morrer
Quer dormir e acordar e sentir-se levantado
Expulsar o dia na noite e a noite no amanhecer

Miguel

Tópicos para formação do entendimento de alguém

- Compreensão: talvez este seja o ponto crucial em qualquer situação que transcenda o espaço individual, que permeie as relações interpesso...