terça-feira, 30 de setembro de 2008

A caixa

Lá vai o homem meio aéreo.
Suspenso, levado contra vontade.
Contrariado, e indo ao contrário da sua rota normal.
Na verdade ele nem sabe!
Também não quer ver tanta tristeza.
A chuva que cai não vem do céu.
Embaixo da nuvem preta de panos quentes.
Vai-se uma caixa, ou melhor, levam a caixa.
Dentro puro recheio pra terra.
Fora nem se sabe o que tem.
A ilusão cobria a nuvem viva de coisas mortas.
Mas, pensavam alguns que pra vida a caixa iria.
Chegou a hora, a hora da despedida.
Abaixo de sete, o jogam!
Mas ele não sente, o pulmão perdeu o ar.
Escondido em um lugar de esquecimento.
Pairava a caixa preto-triste.
Parava a existência térrea.
Parlamentava um parlamento pigmeu.
E o funcho se espalhava no ar do tempo perdido.
Quem perdeu, ainda lembra.
Quem se perdeu, não.
Pois o tempo e a caixa preta fez o homem aéreo.
Se esconder em meio a escuridão.


Gilmar Sullevan

(Sullevan)

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