terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

De qual quer?

[Gilmar Lima]

Um folk rasgado ou um blues pode ser bom.
Death, trash, power, black, white, um Ozzy tá legal?
Um country, um jazz, um swing?
Ah... Opera, reggae, clássica, new-age, Restart?
Pode ser um grunge, hard- core, emo?
New metal, dance, rap, fórro, Calypso?
Talvez um axé, pagode, um techno?
Um samba, uma bossa e que seja nova, que tal?
Acho que esqueci alguma...
Mais “qualquer” uma serve?

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Hierarquia

Correntes, tapa olho, Paulada
Cadeira elétrica, facada, um tiro
Chuva ácida!

A orquestra não para!

Sorrir?

Sorrir! Não fique triste,
Vamos dançar outra vez!

"...é tudo contrário, é tudo uma ilusão"

Atropelo, câncer, pus e batida
Tsunami, terremoto, um cometa
Tornado!

A orquestra não para!

"Está tudo em ordem"

Vamos dançar novamente, querida
A valsa nos conduz

A mordida, o gozo reprimido, o chingamento
Uma violência! O chicote, a prisão
Um belo punhal, talvez um cassetete
Quem sabe outra guerra

Sorrir?

Sorrir!

"Não fique triste”

Dançar, dançar, um aperto de mão!
Não escolha, deixe-me exercer a vontade sobre você
Permita-me te sufocar! por gentileza (ouve-se "te dou um beijo')
A liberda...Não consigo terminar de exprimir essa palavra.
É algo de poucos, almejam a natureza e o homem
O todo como poucos desejam ser e ter controle
Dos únicos aos poucos aos outros poucos aos outros poucos...
Por fim, os demais!

Sorrir?
Sorrir! Não fique triste...

"Está tudo dentro dos conformes"




http://www.hacasoseacasos.blogspot.com/

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O mal-estar I

Inicialmente queria me desculpar por mais uma resenha clichê, porém, espero que essa minha leitura amadora sirva de algum modo. Durante a investigação do “mal-estar na cultura” encontrei alguns pontos importantes sobre a velha questão do homem e seus eternos problemas. Nesse aspecto, o Doutor Freud aponta que a resposta da infelicidade da civilização moderna está dentro da própria cultura através “sentimento de culpa”. Assim, a construção psíquica do homem se encontra dentro do jogo conflituoso de suas pulsões. Pulsão de destruição que seria a pulsão relacionada ao domínio da natureza através da força e destruição x eros, esse remete as pulsões sexuais relacionadas às ligações afetivas. A cultura para o pai da psicanálise seria o distanciamento do ser humano do seu lado primitivo ou selvagem atenuando progressivamente o sentimento de culpa consequente ao progresso.

Não novo, mas seria importante acrescentar que o homem busca maximizar o prazer e minimizar a dor como efeito busca de aproximação da felicidade, porém: “Toda permanência de uma situação anelada pelo princípio do prazer permanece apenas numa sensação tépida de bem-estar, somos feitos de tal modo que apenas podemos gozar intensamente somente o contraste e somente muito pouco o estado.” Pag. 63. A cultura distancia o homem do objeto real de suas pulsões naturais (animais) através dos tabus. Sendo assim, o superego, componente do aparelho psíquico ao qual possui como função transformar essas pulsões ou re significar de modo admissível pelo eu e pelo externo: “Descobriu-se que o ser humano se torna neurótico porque não é capaz de suportar o grau de frustração que a sociedade lhe impõe a serviço dos ideais culturais.” Pag.83. Desviando seus objetivos reais (naturais).

Seria pertinente colocar também o papel da “sublimação”, maneira com a qual canalizamos os impulsos através das atividades psíquicas superiores: Artísticas, científicas e ideológicas características da cultura e imposta por ela. O que a cultura da nossa civilização nos trouxe até o período do Sec. XIX e XX vistos por Freud foi o discurso da introdução do homem ao desenvolvimento das atividades de maior domínio sobre a natureza, a linguagem, as técnicas e a criação instituições políticas e religiosas que nortearam e instruíram o homem na diminuição de homicídios, crimes e os variados tabus criados em cada diferenciação simbólica de seu meio como proposta. Essa obra sofreu um parto no período entre as guerras mundiais (detalhe).

Conseguimos produzir melhor nossos alimentos (apesar de existir bilhões sem eles), para nos trazer conforto diante do domínio da natureza e a “ordem” entre os homens, porém, o desequilíbrio da pulsão de Morte X Eros nos põe na condição de insatisfeitos. Surge também o conceito do parricídio, relacionado à vontade de voltar ao pai (cultura) tudo aquilo que nos foi contra a liberdade pessoal. Ao mesmo tempo, temos o nosso sentimento de culpa atenuado devido à identificação e o afeto construídos.

A cultura nos trouxe a razão, a produção econômica, a lei, porém, existe um mal-estar provocado insistente. Uma insatisfação também conseqüente ao recalque de nossos impulsos. Nesse aspecto, de modo breve a sublimação é insuficiente: As artes, as ciências, a filosofia, o amor, são cursos desviados, porém, são caminhos diversificados dos quais buscamos satisfações dos impulsos improvisando sobre o meio, no entanto, nenhum é seguro.

“Em nenhum desses caminhos podemos alcançar tudo o que queremos. Nesse sentido moderado em que é reconhecida como possível, a felicidade é um problema da economia libidinal do indivíduo. Não há conselho que sirva para todos; cada um deve experimentar por si próprio a maneira pela qual pode se tornar feliz.” Pag. 76

A liberdade individual característica da natureza contrária à cultura seria algo abolido pela mesma, então, as pulsões destinadas ao domínio da própria liberdade são bloqueadas pelo “sentimento de culpa”, o remédio da opressão. Cujo o bloqueio pode provocar agressão. Concluindo, os conflitos indivíduo x sociedade são frutos do inconciliável choque dos impulsos primordiais Eros e morte, assim, admite um equilíbrio, acredita o psicanalista espera que futuramente à cultura ocidental chegue a tal ponto, por mais que atualmente seja duro e distante ao indivíduo a resolver os problemas pessoais e sociais.

Fugindo da psicanálise, da qual me meti de forma amadora e vacilante, muita gente aponta saídas e explicações das conseqüências da nossa sociedade político-econômica, posterior as guerras mundiais. Vemos a sacanagem da qual estamos submersos e sedados pelas impressões de uma cultura do consumo denominada muitas vezes de “Liberdade” e “democracia”, vemos o estado falir e o desemprego aumentar consequente a mundialização do capital. O “sentimento de culpa” atualmente possui outra lógica além do cristianismo do século IXX e metade do XX, ponto importante que hesitei tocar na análise da obra e que ainda está fortemente presente.

No nosso contexto atual, o mal-estar possui inúmeros elementos a acrescentar, mais frouxo e indireto porém efetivo. Agora, com mais fome, mais gente, relações de poder camufladas pela informação neoliberal em todo espaço global imperializado em nome de “paz’ e “da liberdade”. Lutamos contra a infelicidade pessoal a todo instante e não resolvemos. Como lidarmos com a infelicidade geral nas nossas condições atuais ampliadas, fragmentadas e complexas? Apesar de denunciarmos a todo instante e lucrarmos intelectualmente ao perceber o que nos incomoda através da investigação, diminuímos o mal-estar (infelicidade)? Ou ele aumenta?

Voltarei ao assunto.

Nota:

Freud, Sigmund, 1855- 1839.

O mal-estar na cultura/ Sigmund Freud; Tradução de Renato Zwick; revisão técnica e prefácio de Márcio Seligmann - Silva; Ensaio Bibliográfico de Paulo Endo e Edson Sousa. – Porto Alegre. RS: L&PM, 2010.

Tópicos para formação do entendimento de alguém

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