sexta-feira, 30 de julho de 2010

000 - Circular vida e não-vida

Anos e anos não consumados
De uma vida no ônibus
Com percurso de destino algum
Pergunta-se aonde quer chegar

Mas não tem resposta alguma
O indivíduo olha pela janela

E ver o mundo, as casas, outros ônibus, luxo, o lixo,
Um puteiro, o bar, o dinheiro, a igreja
A escola, a família, a mulher amada,
Olha para si mesmo, o externo e viu tudo passar

O espectador do ônibus
Que entra na estrada perdida volta para o mesmo ponto
Segue em frente no buscado destino
Mas nada que tenha sentido para descer

Que não imagina onde seja
O ônibus é circular
De repente o ônibus para e ele questiona
É aqui que eu devo permanecer?

Miguel

Saco Cheio

Estou de saco cheio do academicismo
De saco cheio da pós-modernidade
De saco cheio da musica
De saco cheio do capital

De saco cheio de estar de saco cheio
De saco cheio da beleza
De saco cheio da dopagem cotidiana
De saco cheio do imoral e da moral

De saco cheio da filosofia
De saco cheio do celular e da comunicação
De saco cheio de mim e do mundo
De saco cheio da escatologia e do Platão

De saco cheio da maldade e da bondade ainda mais
De saco cheio da compaixão
De saco cheio do cimento e do excremento
De saco cheio da ciência, artes e religião
De saco cheio!

Miguel

terça-feira, 27 de julho de 2010

E só

O desespero, a dor, a morte, a vida, ser eu.
Mim despertam uma busca incessante de respostas
Mais o desespero de não conseguir nada me enlouquece
As dores mentais, corporais, estruturais escorrem como catarro/escarro nas minhas veias
A angustia de nascer, crescer, aprender e depois de tudo morrer
Viver na certeza do nada na terra, e depois ser forçado a ir pro inferno ou o céu.
Vivendo com angustias, dores, choros por saber que sem nenhuma resposta
Eu só posso ser eu! E ainda esperam de mim um sorriso estampado no rosto.
Não posso saber o futuro, não posso mudar o passado, só ser forçado a viver o presente.
Sendo animal fraco/falso, dormente/demente, que tão limitado, pensa que pensa ser gente.
Se na existência do ser, pudesse ser eu só, seria pela metade da porcentagem completo
Mais sou forçado a aprender/viver através da insana consciência alheia: moral.
Nascer, crescer, viver o já existente forçado inconscientemente pelos outros, sentir dor, medo, ser somente eu (animal), viver somente o presente, e morrer
Pra no fim de tudo ser somente o humano demasiadamente humano ridículo e limitado.


Gilmar Sullevan

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Retrato da loucura

Corto os fragmentos destinados da irracionalidade
Contam para o meu ser o que deveria ou não
Os rios refletem ilusões que me fogem da realidade
Bombardeando de mim mesmo um jargão

Quero a lógica desses fluxos reais que me jogam
A suposta razão que se explode na exosfera
Assim correntes dos choques imaginários me sufocam
Ao mesmo tempo meu espírito não sabe mais o que gera

Vejo um sol, o maquinário, circuitos e janelas ligadas
Parecem ligadas numa só tomada do entendimento
Essa osmose me supersatura com milhões de telas conectadas
Com a energia e a matéria que transmutam o comportamento

Oh! Camas espaciais! Sobrevoam diversas esferas celestiais
Com o caixote humanóide que se transfigura
Empurrando-me o vento com imagens descomunais
Desde o primeiro devaneio até a última loucura

Miguel

A luz do dormir acordando e acordar dormindo

Sente uma estranha gravidade ampliada
Como um universo vazio do concreto
E sua matéria com a quimera acordada
Que a alma sobe e o corpo vai ao fundo direto

Um cometa que o arrasta em sua calda amarrada
E o clarão da manhã que nos olhos bate
Dopando também de uma luz drogada
Quer acordar, mesmo preso ao combate

Assim como a sombra se amplia no fim da declividade do ângulo do sol
E sua luz choca e espanta o sentir do corpo
Ver sonhar de uma morte profunda não sendo causa o etanol
A estranheza que se aparenta com um semimorto

Imagina um zumbi que não é mais humano, um vegetal
Que o corpo levanta e o leito vai junto
O cinza mistura o ciclo homogeneíza anormal
Perdeu a idéia do escuro e do claro, seria o se sentir defunto?

É o primeiro, o segundo, o terceiro, até o quarto ao quadrado
Quer deitar-se e levantar do túmulo, viver ou morrer
Quer dormir e acordar e sentir-se levantado
Expulsar o dia na noite e a noite no amanhecer

Miguel

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Eu, ele, eu e ele, nem eu nem ele, eu no ele...

Quando me olho no teu espelho tenho medo
Pois, a reflexão do teu eu em mim
Me sufoca a ponto do suicídio.
Se eu pudesse ser eu, sozinho
Seria o que você me vê.
Mais isso não pode acontecer
Só vejo a frente, e o reflexo do espelho
Que não sou eu, é ele!
Ele me vê, mais eu não sei se sou eu,
Pode ser que ele veja as frustações dele em mim.
Mais se ele me vê e eu não,
Como posso aceitar que um corpo estranho e diferente
Veja o que é meu em mim, no reflexo do outro?
Se o outro é outro, e eu não se vê
E sim pelo contrário pode se ver em mim
Da mesma forma como eu o vejo sendo eu
Então, dessa forma não podemos nunca nos ver
E o que vêem em mim nada mais é doque o desejo de ser,e é
Mais com a reflexão imaginária do outro.


Gilmar Sullevan

domingo, 18 de julho de 2010

O tempo


Vivendo temporariamente programado
Tenho a leve impressão exata
Que o tempo passa rápido
E eu no tempo fico sem o mesmo.
Na verdade ainda tem tempo
O problema é que vivo em função dele.
Tudo está programado!
Tenho prazo inicial e final
Data de fabricação e validade.
E esse tempo, fruto do abstrato humano
Surge, cria-se com o objetivo de controlar o próprio homem
E eu forçadamente despercebido
Sigo esse "trilho"!
O "trilho" da falta de tempo de "eu" pra "eu"
Pra lhe dar mais tempo
O tempo que eu perdi para servir o teu.


Gilmar Sullevan

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O Coreto

Pássaros, cães, gatos, crianças e senhores
Passeiam por entre estas pequenas varedas calçadas
Mágia magnifica essa que é liberada na tarde
Quando se olha as crianças brincando na grama
Refletindo o sol, na testa já suada.
Casais se envolvem nos bancos e árvores
Num alvoroço que até parece antropofágico
Mais não é nada mais do que o desejo feroz
Que este ambiente provoca nos corpos juvenis
Alguns dali tocam violão, outros riem e outros choram
Árvores de longo toco e poucas folhas, mais que falam por si um tempo
Minha tristeza é sentar aqui e ver que tudo passa
Assim como também passa o coreto nos olhos de uma criança
Que reflete a felicidade despercebida nos olhos de um adulto
Que riu e chorou aos braços destas belas sombras nas manhãs, tardes ou noites
E que verá e sentirá toda essa felicidade na face do seus filhos
No que foi e será cenário simbólico, da pureza ao roubo legitamado
Da juventude a velhice, mais mesmo que o ofusquem ainda brilha: pois tú é o coreto.


Gilmar Sullevan

Tópicos para formação do entendimento de alguém

- Compreensão: talvez este seja o ponto crucial em qualquer situação que transcenda o espaço individual, que permeie as relações interpesso...