SÃO CRISTÍVÃO – 2012
O processo de modernização no
início do século XX na recém-criada capital do Estado acompanha os ideais de
homens que tinham como parâmetros o estilo de vida europeu, de cidade
planejada, de automóveis, impulsionados pelos ideais republicanos de “Ordem e
Progresso”, a proibição da escravatura, a mudança no modo de produção de
comercial para industrial.
A elite sergipana que necessitava
de uma área portuária, influenciados pelo pensamento europeu de progresso, que
servisse como centro administrativo, que fosse plana, não mais cheias de “altos
e baixos” como a até então capital São Cristóvão, símbolo de atraso, veem este
plano acontecer com o governo de Inácio Barbosa, quando em 1855 Aracaju é
fundada, e é desenvolvido o “quadrado de Pirro”.
As influências para o
desenvolvimento da cidade de Aracaju também partem da decadência, visto que com
a crise da cana de açúcar no mercado mundial e que em contrapartida surge no
sudeste à produção de café, produto de forte aceitação na Europa o que
possibilitou a ascensão de uma aristocracia cafeeira ao mesmo tempo em que os
senhores do açúcar e seus reinados ruíam.
Essas mudanças no modo de produção
de comercial para industrial impulsionavam a nova sede administrativa a tomar
um novo rumo. Como? Com a crise do açúcar viu-se a partir daí a importância de
também se industrializar, e é nesse período que surgem em Aracaju as primeiras
indústrias têxteis, que tinham como fator impulsionador a primeira Grande
Guerra de 1914 a 1918.
Com o
desenvolvimento industrial e de outras
aréas e o aumento da massa de operários que girava em torno de 4.000, surgem
também os descontentamentos com os sálarios baixos, com o desamparo legal,
devido a falta de leis trabalhistas que ganham corpo no governo de Gétulio
Vargas, e as extensivas jornadas de trabalho que duravam até 12 (doze) horas
diárias. Gerando assim a primeira greve têxtil em 1921, dos ferroviários em 1927 e em novembro de 1935 gráficos,
padeiros, metalurgicos, pedreiros e estivadores cruzaram seus braços.
Impulsionado por
este processo de modernização e desenvolvimento industrial na capital, enquanto
outras regiões decaíam como no caso de Laranjeiras, começa-se a surgir novas
oportunidades de emprego, Aracaju passa de sede administriva a também centro da
indústria e do comércio.
O exodo rural
começa a se intensificar do interior do Estado para a capital em busca de
emprego e consequentemente na qualidade de vida, no entanto essa massa
migrante, se tornavam uma grande massa ociosa, muios destes não conseguiam, nem
eram acolhidos no quadrado de Pirro e acabavam por ficar a margem e a mercê da
exploração das classes mais abastadas, construindo suas moradias nos morros,
nos mangues e em outros lugares, o que dava a cidade um ar dubio de riqueza e
pobreza.
Com esse
crescimento o ideal de cidade moderna e desenvolvida fracassava pois de um lado
uma cidade aos “moldes europeus” e do outro retirantes pobres, em lugares
insalubres e sem nenhuma qualidade de vida. Com esses antagonismos aparecendo
em um mesmo espaço surgem a necessidade de se planejar essas áreas suburbanas,
de se criar espaços arborizados, ajardinados, calmos e bem dirigidos
e o “Governo, higienistas, intelectuais e
jornalistas” in Sousa, p. 151, começaram a desenvolver projetos de aterro
sanitário, criação de ruas e avenidas padronizadas, ampliação dos códigos de
conduta etc.
Surgem os bondes elétricos, os
automóveis, a instalação de escolas de ofício, a integração das regiões
suburbanas ao quadrado de Pirro, como o Aribé atual Siqueira Campos, o morro do
Santo Antônio, o bairro Industrial etc. começa-se ai a demonstrar um real
desenvolvimento na então capital do Estado.
O desenvolvimento do setor
industrial, da ampliação do comércio, da vinda de pessoas do interior do Estado
para a capital, a riqueza e a pobreza, o luxo das áreas planejadas e os
paupérrimos do seu entorno, os bares, os cabarés, as festas, tudo isso dividido,
mas que aos poucos criavam um espaço ímpar e cheio de controvérsias, onde crise
e ascensão, caminhavam em prol do desenvolvimento e expansão de Aracaju Del
Rei.
BIBLIOGRAFIA:
SOUSA,
Antônio Lindvaldo. “Ave Branca que voa
dos pântanos para o azul...”: as elites e o projeto modernizador de Aracaju nas
décadas de 1910 a 1930. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/
CESAD, 2010, pp. 114-124.
SOUSA,
Antônio Lindvaldo. “Parte do outro da
modernização...”: Aracaju e os homens pobres nas primeiras décadas do século
XX. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/ CESAD. 2010, pp.
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SOUSA,
Antônio Lindvaldo. “Nas fimbras da ordem
e do progresso: outras ‘vozes’ e ‘histórias de vidas’ diferentes dos agentes da
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Sergipe/CESAD. 2010, pp. 179-200
www.hacasoseacasos.blogspot.com
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Corrêa, Santos - Antônio Wanderley de Mello e Marcos
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ROMÃO, Frederico L. Na trama da
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