quinta-feira, 21 de junho de 2012

Aracaju no início do século XX uma cidade em movimento. Pros e contras.







SÃO CRISTÍVÃO – 2012
O processo de modernização no início do século XX na recém-criada capital do Estado acompanha os ideais de homens que tinham como parâmetros o estilo de vida europeu, de cidade planejada, de automóveis, impulsionados pelos ideais republicanos de “Ordem e Progresso”, a proibição da escravatura, a mudança no modo de produção de comercial para industrial.
A elite sergipana que necessitava de uma área portuária, influenciados pelo pensamento europeu de progresso, que servisse como centro administrativo, que fosse plana, não mais cheias de “altos e baixos” como a até então capital São Cristóvão, símbolo de atraso, veem este plano acontecer com o governo de Inácio Barbosa, quando em 1855 Aracaju é fundada, e é desenvolvido o “quadrado de Pirro”.
As influências para o desenvolvimento da cidade de Aracaju também partem da decadência, visto que com a crise da cana de açúcar no mercado mundial e que em contrapartida surge no sudeste à produção de café, produto de forte aceitação na Europa o que possibilitou a ascensão de uma aristocracia cafeeira ao mesmo tempo em que os senhores do açúcar e seus reinados ruíam. 
Essas mudanças no modo de produção de comercial para industrial impulsionavam a nova sede administrativa a tomar um novo rumo. Como? Com a crise do açúcar viu-se a partir daí a importância de também se industrializar, e é nesse período que surgem em Aracaju as primeiras indústrias têxteis, que tinham como fator impulsionador a primeira Grande Guerra de 1914 a 1918.

Com o desenvolvimento industrial  e de outras aréas e o aumento da massa de operários que girava em torno de 4.000, surgem também os descontentamentos com os sálarios baixos, com o desamparo legal, devido a falta de leis trabalhistas que ganham corpo no governo de Gétulio Vargas, e as extensivas jornadas de trabalho que duravam até 12 (doze) horas diárias. Gerando assim a primeira greve têxtil em 1921, dos ferroviários  em 1927 e em novembro de 1935 gráficos, padeiros, metalurgicos, pedreiros e estivadores cruzaram seus braços.
Impulsionado por este processo de modernização e desenvolvimento industrial na capital, enquanto outras regiões decaíam como no caso de Laranjeiras, começa-se a surgir novas oportunidades de emprego, Aracaju passa de sede administriva a também centro da indústria e do comércio.
O exodo rural começa a se intensificar do interior do Estado para a capital em busca de emprego e consequentemente na qualidade de vida, no entanto essa massa migrante, se tornavam uma grande massa ociosa, muios destes não conseguiam, nem eram acolhidos no quadrado de Pirro e acabavam por ficar a margem e a mercê da exploração das classes mais abastadas, construindo suas moradias nos morros, nos mangues e em outros lugares, o que dava a cidade um ar dubio de riqueza e pobreza.


Com esse crescimento o ideal de cidade moderna e desenvolvida fracassava pois de um lado uma cidade aos “moldes europeus” e do outro retirantes pobres, em lugares insalubres e sem nenhuma qualidade de vida. Com esses antagonismos aparecendo em um mesmo espaço surgem a necessidade de se planejar essas áreas suburbanas, de se criar espaços arborizados, ajardinados, calmos e bem dirigidos e o “Governo, higienistas, intelectuais e jornalistas” in Sousa, p. 151, começaram a desenvolver projetos de aterro sanitário, criação de ruas e avenidas padronizadas, ampliação dos códigos de conduta etc.
Surgem os bondes elétricos, os automóveis, a instalação de escolas de ofício, a integração das regiões suburbanas ao quadrado de Pirro, como o Aribé atual Siqueira Campos, o morro do Santo Antônio, o bairro Industrial etc. começa-se ai a demonstrar um real desenvolvimento na então capital do Estado.
O desenvolvimento do setor industrial, da ampliação do comércio, da vinda de pessoas do interior do Estado para a capital, a riqueza e a pobreza, o luxo das áreas planejadas e os paupérrimos do seu entorno, os bares, os cabarés, as festas, tudo isso dividido, mas que aos poucos criavam um espaço ímpar e cheio de controvérsias, onde crise e ascensão, caminhavam em prol do desenvolvimento e expansão de Aracaju Del Rei.










BIBLIOGRAFIA:

SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Ave Branca que voa dos pântanos para o azul...”: as elites e o projeto modernizador de Aracaju nas décadas de 1910 a 1930. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/ CESAD, 2010, pp. 114-124.
SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Parte do outro da modernização...”: Aracaju e os homens pobres nas primeiras décadas do século XX. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/ CESAD. 2010, pp. 148-157.
SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Nas fimbras da ordem e do progresso: outras ‘vozes’ e ‘histórias de vidas’ diferentes dos agentes da modernização em Aracaju”. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD. 2010, pp. 179-200

www.hacasoseacasos.blogspot.com – Acessado em 20/05/2012 às 21h37min.
http://www.mundoeducacao.com.br/historiadobrasil/economia-cafeeira.htm  - Acessado em 17/08/2012 as 7h35min.


http://primeiraguerra.wordpress.com/ Acessado em 7 de Junho de 2012 as 03:57.

Corrêa, Santos - Antônio Wanderley de Mello e Marcos Vinicius Melo dos – História de Sergipe.
ROMÃO, Frederico L. Na trama da História. O moviemento Operário
de Sergipe: 1

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