quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ibarê Dantas: História, Memória e Historiografia ( XIV Encontro Sergipano de História)



O XIV Encontro Sergipano de História realizado no período de 28/05 a 31/05 de 2012, organizado pelo Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe, organizado pelo chefe de departamento o Prof. Dr. Lourival Santana Santos, Prof. Dr. Antônio Fernando de Araújo Sá e pelo Prof. Msc. Claudefranklin Monteiro Santos, com auxilio do PET, na representação primária dos alunos Andrey Augusto e Edvaldo Alves e outros monitores.
O encontro homenageou o pesquisador Ibarê Dantas, personagem que contribuiu para o enriquecimento da historiografia sergipana. Presente em todos os dias do evento em sua homenagem fez parte da mesa no primeiro dia junto com o até então Reitor da UFS, Josué Modesto, o Prof. Dr. Lourival Santana entre outros.
A conferencia de abertura foi proferida pelo Prof. Dr. Frederico Neves da Universidade Federal do Ceará. Que aborda sobre “A historiografia brasileira e o Nordeste”, fala sobre a necessidade de desconstruir certos conceitos aplicados como representação do Nordeste, a valorização da superioridade de São Paulo, e que o Nordeste não deve ser visto somente como um lugar de secas, desgraças e misérias, e sim como um “berço de culturas” (cita Gilberto Freire).
Ressalta importância do pastoreio como forma de disseminação da população aos lugares mais longínquos, dos homens do povo (jangadeiros, curandeiros, vaqueiros etc.), como a indústria da seca se aproveita disso e como a mídia serve para propagar essa “configuração conceitual de miséria e calamidade”, nas palavras do próprio professor.
No decorrer dos dias mini-cursos são desenvolvidos, palestras sobre as obras do pesquisador Ibarê Dantas, sobre a sua História Política, com os professores Msc. José Nascimento (DIREITO – UNIT), Dr. Samuel Barros (IHGSE) e a Drª Terezinha Oliva (IPHAN), coordenada pelo professor Dr. Fábio Maza (DHI – UFS). A noite mesa redonda com o Prof. Dr. José Cruz (UNIT – SE) e o Prof. Dr. Francisco Alves (DHI – UFS), com o tema Ibarê Dantas e a História da República de Sergipe.
Abordando o foco, inspiração teórica, conceitos chaves, fontes utilizadas para a produção da obra, sobre o estilo simples e literário, direto e simples. Tendo atraído muito a atenção do ouvintes os comentários do Prof. Dr. Francisco Alves, que lançou criticas e elogios a obra, e foi ovacionado pelos alunos.
No terceiro dia tivemos a sessão de comunicações com a apresentação de trabalho de colegas de curso como os Graduandos em História, Eduardo dos Anjos, Marlíbia Raquel, da Priscila, do Rafael e do Prof. Dr. Eduardo Pina.
A noite tivemos mesa redonda com o Prof. Dr. Fernando Sá, (DHI – UFS), o Dr. Antônio Lindvaldo (DHI – UFS), coordenado pela Prof. Drª Edna Matos (DHI – UFS). Onde o professor Fernando Sá fala sobre sua amizade, e a relevância da sua obra e que ao se escrever história acabamos “embriagados” pela tradição vigente. Logo a seguir o professor Antônio Lindvaldo fala sobre a importância do trabalho de Ibarê Dantas para a confecção de monografias e sobre sua experiência com os primeiros contatos com a obra do homenageado.
No último dia tivemos o privilegio de ouvir o próprio Ibarê Dantas que com um humor fantástico animou os ânimos dos ouvintes, e comentou sobre suas obras. Agradeceu pelo presente de ser homenageado, e enfatiza a necessidade de se continuar a pesquisar sobre a história de Sergipe.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O CASO SOROCABA / ARACAJU: O PROCESSO MODERNIZADOR


O plano positivista de ordem e progresso vai aguçar e incentivar muitos sonhadores a desenvolver projetos de modernização. O caso de Sorocaba, abordado no texto de Arnaldo Pinto Júnior, servirá como exemplo do que aconteceu em Aracaju, de como a classe abastada via o processo modernizador e qual a expectativa para Aracaju.
A valorização das produções europeias reinava nos ideais dos mais diversos meios sociais. “A cidade abriu suas portas para a modernidade entrar e se instalar.” (Júnior 2001, p. 38). As ideias de progresso dos idealizadores de realizar um plano modernizador em Sorocaba e em Aracaju tinham como objetivo de negar seu passado visto como “decadente”, de atraso e criar um futuro promissor, com novas perspectivas.
A elite sergipana que necessitava de uma área portuária, influenciados pelo pensamento europeu de progresso, que servisse como centro administrativo, que fosse plana, não mais cheias de “altos e baixos” como a até então capital São Cristóvão, símbolo de atraso, veem este plano acontecer com o governo de Inácio Barbosa, quando em 1855 Aracaju é fundada, e é desenvolvido o “quadrado de Pirro”.
Com o desenvolvimento das cidades (Sorocaba/Aracaju), essa ideia de progresso voltada para o futuro, de se construir um futuro melhor, acaba reforçando a segregação, este “rumo acertado”, ao mesmo tempo em que se desenvolve áreas extremamente organizadas, com saneamento, energia elétrica, transporte, surge a margem deste progresso, a precariedade, pessoas que eram lançados cada vez mais para áreas longínquas fora da área planejada. “Estabelecer um certo conceito de beleza para a cidade, impondo mais rigor nas construções das casas. Ruas tortas, casas de palha e taipa, calçamentos irregulares, inquietavam os apologistas de um futuro melhor para a cidade.” (Apud SANTOS, 2007:114-115).
Embora os processos modernizadores se deem de formas diferentes na cidade de Sorocaba e Aracaju, uma passava por um processo de readaptação, de modernização de algo já concreto, outra tinha que enfrentar a dificuldade de criar uma cidade, transformar uma vila em cidade, drenar pântanos e realizar terraplanagem, enfrentar mosquitos e doenças, se construir uma cidade moderna e planejada.
No entanto este processo modernizador vem de fato acontecer em Aracaju nas primeiras décadas do século XX, a primeira grande guerra fortalece o setor industrial, a criação de escolas de ofício garantem a formação de mão-de-obra qualificada, construções de áreas “arborizada, ajardinada, calma e bem dirigida.”

Como ave branca que voa dos pântanos para o azul, Aracaju - a
cidade inviável - a envolver dentro de água estagna¬da, da terra
inundada, desvencilhou-se rápida das faixas das primeiras idades
para aparecer radiosa fl or do progresso, bela na retidão de suas
ruas, nos exp1endores de seus panoramas...
(O Estado de Sergipe, 17.03.1918)




Bibliografia:

JUNIOR, Arnaldo Pinto. As potencialidades da história local para a produção de conhecimento em sala de aula: o enfoque do município de Sorocaba. In: História: Área do conhecimento. Ano 1, nº 3, 2001, pp. 37 -40.
SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Ave Branca que voa dos pântanos para o azul...”: as elites e o projeto modernizador de Aracaju nas décadas de 1910 a 1930. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/ CESAD, 2010, pp. 114-124.
SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Parte do outro da modernização...”: Aracaju e os homens pobres nas primeiras décadas do século XX. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/ CESAD. 2010, pp. 148-157.
SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Nas fimbras da ordem e do progresso: outras ‘vozes’ e ‘histórias de vidas’ diferentes dos agentes da modernização em Aracaju”. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD. 2010, pp. 179-200

Tópicos para formação do entendimento de alguém

- Compreensão: talvez este seja o ponto crucial em qualquer situação que transcenda o espaço individual, que permeie as relações interpesso...