O
plano positivista de ordem e progresso vai aguçar e incentivar muitos
sonhadores a desenvolver projetos de modernização. O caso de Sorocaba, abordado
no texto de Arnaldo Pinto Júnior, servirá como exemplo do que aconteceu em
Aracaju, de como a classe abastada via o processo modernizador e qual a
expectativa para Aracaju.
A
valorização das produções europeias reinava nos ideais dos mais diversos meios
sociais. “A cidade abriu suas portas para a modernidade entrar e se instalar.”
(Júnior 2001, p. 38). As ideias de progresso dos idealizadores de realizar um
plano modernizador em Sorocaba e em Aracaju tinham como objetivo de negar seu
passado visto como “decadente”, de atraso e criar um futuro promissor, com
novas perspectivas.
A
elite sergipana que necessitava de uma área portuária, influenciados pelo
pensamento europeu de progresso, que servisse como centro administrativo, que
fosse plana, não mais cheias de “altos e baixos” como a até então capital São
Cristóvão, símbolo de atraso, veem este plano acontecer com o governo de Inácio
Barbosa, quando em 1855 Aracaju é fundada, e é desenvolvido o “quadrado de
Pirro”.
Com
o desenvolvimento das cidades (Sorocaba/Aracaju), essa ideia de progresso voltada
para o futuro, de se construir um futuro melhor, acaba reforçando a segregação,
este “rumo acertado”, ao mesmo tempo em
que se desenvolve áreas extremamente organizadas, com saneamento, energia
elétrica, transporte, surge a margem deste progresso, a precariedade, pessoas
que eram lançados cada vez mais para áreas longínquas fora da área planejada. “Estabelecer
um certo conceito de beleza para a cidade, impondo mais rigor nas construções
das casas. Ruas tortas, casas de palha e taipa, calçamentos irregulares,
inquietavam os apologistas de um futuro melhor para a cidade.” (Apud SANTOS,
2007:114-115).
Embora
os processos modernizadores se deem de formas diferentes na cidade de Sorocaba
e Aracaju, uma passava por um processo de readaptação, de modernização de algo
já concreto, outra tinha que enfrentar a dificuldade de criar uma cidade,
transformar uma vila em cidade, drenar pântanos e realizar terraplanagem,
enfrentar mosquitos e doenças, se construir uma cidade moderna e planejada.
No
entanto este processo modernizador vem de fato acontecer em Aracaju nas primeiras
décadas do século XX, a primeira grande guerra fortalece o setor industrial, a
criação de escolas de ofício garantem a formação de mão-de-obra qualificada,
construções de áreas “arborizada, ajardinada, calma e bem dirigida.”
Como ave branca que voa
dos pântanos para o azul, Aracaju - a
cidade inviável - a
envolver dentro de água estagna¬da, da terra
inundada,
desvencilhou-se rápida das faixas das primeiras idades
para aparecer radiosa
fl or do progresso, bela na retidão de suas
ruas, nos exp1endores
de seus panoramas...
(O Estado de Sergipe,
17.03.1918)
Bibliografia:
JUNIOR, Arnaldo Pinto. As potencialidades da história local para a
produção de conhecimento em sala de aula: o enfoque do município de Sorocaba.
In: História: Área do conhecimento. Ano 1, nº 3, 2001, pp. 37 -40.
SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Ave Branca que voa dos pântanos para o
azul...”: as elites e o projeto modernizador de Aracaju nas décadas de 1910 a
1930. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/ CESAD, 2010, pp. 114-124.
SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Parte do outro da modernização...”: Aracaju e
os homens pobres nas primeiras décadas do século XX. São Cristóvão:
Universidade Federal de Sergipe/ CESAD. 2010, pp. 148-157.
SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Nas fimbras da ordem e do progresso: outras
‘vozes’ e ‘histórias de vidas’ diferentes dos agentes da modernização em
Aracaju”. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD. 2010, pp.
179-200
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