quarta-feira, 30 de maio de 2012

O CASO SOROCABA / ARACAJU: O PROCESSO MODERNIZADOR


O plano positivista de ordem e progresso vai aguçar e incentivar muitos sonhadores a desenvolver projetos de modernização. O caso de Sorocaba, abordado no texto de Arnaldo Pinto Júnior, servirá como exemplo do que aconteceu em Aracaju, de como a classe abastada via o processo modernizador e qual a expectativa para Aracaju.
A valorização das produções europeias reinava nos ideais dos mais diversos meios sociais. “A cidade abriu suas portas para a modernidade entrar e se instalar.” (Júnior 2001, p. 38). As ideias de progresso dos idealizadores de realizar um plano modernizador em Sorocaba e em Aracaju tinham como objetivo de negar seu passado visto como “decadente”, de atraso e criar um futuro promissor, com novas perspectivas.
A elite sergipana que necessitava de uma área portuária, influenciados pelo pensamento europeu de progresso, que servisse como centro administrativo, que fosse plana, não mais cheias de “altos e baixos” como a até então capital São Cristóvão, símbolo de atraso, veem este plano acontecer com o governo de Inácio Barbosa, quando em 1855 Aracaju é fundada, e é desenvolvido o “quadrado de Pirro”.
Com o desenvolvimento das cidades (Sorocaba/Aracaju), essa ideia de progresso voltada para o futuro, de se construir um futuro melhor, acaba reforçando a segregação, este “rumo acertado”, ao mesmo tempo em que se desenvolve áreas extremamente organizadas, com saneamento, energia elétrica, transporte, surge a margem deste progresso, a precariedade, pessoas que eram lançados cada vez mais para áreas longínquas fora da área planejada. “Estabelecer um certo conceito de beleza para a cidade, impondo mais rigor nas construções das casas. Ruas tortas, casas de palha e taipa, calçamentos irregulares, inquietavam os apologistas de um futuro melhor para a cidade.” (Apud SANTOS, 2007:114-115).
Embora os processos modernizadores se deem de formas diferentes na cidade de Sorocaba e Aracaju, uma passava por um processo de readaptação, de modernização de algo já concreto, outra tinha que enfrentar a dificuldade de criar uma cidade, transformar uma vila em cidade, drenar pântanos e realizar terraplanagem, enfrentar mosquitos e doenças, se construir uma cidade moderna e planejada.
No entanto este processo modernizador vem de fato acontecer em Aracaju nas primeiras décadas do século XX, a primeira grande guerra fortalece o setor industrial, a criação de escolas de ofício garantem a formação de mão-de-obra qualificada, construções de áreas “arborizada, ajardinada, calma e bem dirigida.”

Como ave branca que voa dos pântanos para o azul, Aracaju - a
cidade inviável - a envolver dentro de água estagna¬da, da terra
inundada, desvencilhou-se rápida das faixas das primeiras idades
para aparecer radiosa fl or do progresso, bela na retidão de suas
ruas, nos exp1endores de seus panoramas...
(O Estado de Sergipe, 17.03.1918)




Bibliografia:

JUNIOR, Arnaldo Pinto. As potencialidades da história local para a produção de conhecimento em sala de aula: o enfoque do município de Sorocaba. In: História: Área do conhecimento. Ano 1, nº 3, 2001, pp. 37 -40.
SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Ave Branca que voa dos pântanos para o azul...”: as elites e o projeto modernizador de Aracaju nas décadas de 1910 a 1930. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/ CESAD, 2010, pp. 114-124.
SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Parte do outro da modernização...”: Aracaju e os homens pobres nas primeiras décadas do século XX. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/ CESAD. 2010, pp. 148-157.
SOUSA, Antônio Lindvaldo. “Nas fimbras da ordem e do progresso: outras ‘vozes’ e ‘histórias de vidas’ diferentes dos agentes da modernização em Aracaju”. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD. 2010, pp. 179-200

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