Estive lendo a "Globalização: As consequências humanas" do Zygmunt Bauman (sociólogo) nestes últimos dias. Gostaria de tocar em alguns pontos pertinentes que encontrei nesta obra. Aproveitando um pouco das informações extraídas do meu texto anterior. Defendi a idéia de que as culturas não estariam sofrendo uma homogeneização. Mas uma conexão a diversos meios de informação interligados pelos aparelhos de comunicação em fluidez constantes. Puxo um pouco desse debate para as questões espaciais, políticas e econômicas dessa vez. Agora são os figurantes de domínio global e território-nação.
Bauman afirma que: Em vez de homogeneizar, a Tecnologia polariza a condição humana. Anulando o espaço/tempo, os indivíduos Globais (extraterritoriais) ultrapassam seus limites físicos através dos meios de transportes e de comunicação emancipando os limites impostos e criando uma nova lógica que impõe aos indivíduos locais a degradação e a dependência para gerar seu próprio território.
O Estado nesse sentido perde boa parte de sua soberania devido à nova lógica global das relações de poder, o econômico. O ser global dominante e o estado (político) fragmentado, um “secretário prostituído” a essa nova lógica refizeram a construção social do espaço e território. Antes disso, a segunda guerra mundial foi o ultimo marco de disputas territoriais em grande escala militar. O mundo guerra fria vem posteriormente para atrair as atenções de duas grandes forças para o domínio global do sistema capitalista x socialismo. O liberalismo vence a quebra de braço e impulsiona uma nova forma de gerir o espaço:
"No mundo pós-guerra espacial, a mobilidade tomou-se o fator de estratificação mais poderoso e mais cobiçado, a matéria de que são feitas e refeitas diariamente as novas hierarquias sociais, políticas, econômicas e culturais em escala cada vez mais mundial.” Pag.16
Bauman afirma também que o a idéia de distância é uma construção social, que os seres “globais” ou extraterritoriais possuem a liberdade de ultrapassar seus territórios aos diversos locais e implantando de sua força financeira e ideológica sobre os seres locais impossibilitados de acompanhar essa nova forma de exercer o domínio sobre o território. Os globais flutuam através das “barreiras” e limites em velocidades que são proporcionais a forma de controlar num capital cada vez mais livre e desvinculado ao local e das responsabilidades conseqüentes aos seus efeitos.
Quem seriam esses seres invasores do território alheios? Esses ditos globais são os seres por trás de toda trama do capital globalizado ou transterritorializado, 350 bilionários que teriam mais da metade da riqueza equivalente a ¼ da população mundial pobre somada, controlando o sistema financeiro e gerindo sugando os fluxos dos micro locais, e ainda mais, produzindo riquezas em cima de sistemas abstratos que movimentam o dinheiro. As conseqüências estariam mais distantes de seus causadores. Pois, seu domínio físico central distante protege-o, ao mesmo tempo em que sua imagem simbólica, força e ação sobre o globo penetram os diversos lugares afirma Bauman:
“A autoridade destes últimos é garantida por seu próprio distanciamento; os globais não são diretamente “deste mundo”, mas sua flutuação acima dos mundos locais é muito mais visível, de forma diária e intrusa, que a dos anjos que outrora pairavam sobre o mundo cristão...” Pag. 61
Então meus queridos. Existe uma “tal” de teoria chamada de “fim da geografia” que afirma que os limites geográficos são cada vez menos sustentados no mundo real. Diz o Paul Virílio.
Esses limites existem sim, os territórios são modificados, ou melhor, re-territorializados. Invadidos por esses ditos alienígenas globais que condicionam o estado misturando-se a construção significativa dos diversos locais. Mais a imagem do discurso que afirma muitas vezes que o povo é pobre porque quer. Que fome e a pobreza são tratadas da mesma forma. Esquecem, ou melhor, escondem que além da fome, existem milhões de famílias sem escolas, sem saúde e em condições precárias isoladas numa miséria complexa. Muitos tentam ir aos locais que matam a fome ex.: EUA, Europa, aqueles que podem sair e que na maioria são impedidos de entrar no território dos globais e voltam ao próprio local isolado, segregado e hierarquizado.
O Estado-nação fragmentado serve de segurador para as grandes empresas que ultrapassam seus territórios. Sendo que, os “globais” através dos meios tecnológicos de comunicação e transporte tornaram ainda mais veloz, a diferença entre ricos e pobres. Segregando e excluindo cada vez mais os indivíduos locais de adentrarem na euforia dessa coisa chamada de globalização.
Bauman, Zygmunt, 1925 – Globalização: As conseqüências humanas/ Zygmunt. Bauman; tradução, Marcus Penchel. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1999
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